quarta-feira, 25 de julho de 2012

Comentário ao Ponto de Vista!


"Casuarina - Ponto de Vista (2011)":
"Do ponto de vista da terra quem gira é o sol; Do ponto de vista da mãe todo filho é bonito; Do ponto de vista do ponto o círculo é infinito; Do ponto de vista do cego sirene é farol; Do ponto de vista do mar quem balança é a praia; Do ponto de vista da vida um dia é pouco. Guardado no bolso do louco há sempre um pedaço de deus! Respeite meus pontos de vista que eu respeito os teus. Às vezes o ponto de vista tem certa miopia, pois enxerga diferente do que a gente gostaria. Não é preciso por lente nem óculos de grau, tampouco que exista somente um ponto de vista igual. O jeito é manter o respeito e ponto final!!!"
Casuarina - Ponto de Vista (2011)
www.youtube.com

Comentanto:

O ponto de vista ( força de expressão ) para uma visão de perspectiva ( das coisas, objetos ) ou de como enxergamos ( fatos do cotidiano ) a vida, trata-se tão somente de uma singularidade de cada ser, deixando claro que a pluralidade implica em vários pontos de vista distintos e particulares. 

A beleza do exercício está em duas pessoas, intrinsecamente, terem o mesmo ponto de vista, porque seus objetivos são voltados a um singular. 

Assim, o respeito deixa de ser um condicionamente e passaa ser, naturalmente, a admiração mútua por se descobrirem nos mesmos gostos, objetivos, prazeres, sabores e dissabores que o labirinto da vida nos apresenta e nos desafia a encontrar pontos de vista iguais, todos os dias!

Veio D'água - Uma boa noção de Ponto de Vista!

Um veio d'água na serra
É um olho d' água
Um veio d'água no rosto
É uma mágoa
A correr

Um pingo d'água no rosto
É uma tristeza
Um pingo d'água na rosa
É uma beleza
Pra se ver

Pode haver angústias no sorriso..."
Pode haver silêncio de difunto
Pode estar mentindo quem te jura
Pode estar fingindo quem te ama..."

A moeda tem coroa e cara
O luar também clareia a lama
Pode haver o céu na água clara
Pode haver um véu na tua fama ..." 

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Sobre Tempo e Jabuticabas!

SOBRE TEMPO E JABUTICABAS
Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver 
daqui para frente do que já vivi até agora. Sinto-me como aquela
 
menina que ganhou uma bacia de jabuticabas. As primeiras, ela
 
chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço.

Já não tenho tempo para lidar com mediocridades.
Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflados.
Não tolero gabolices. Inquieto-me com invejosos tentando destruir
 
quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.

Já não tenho tempo para projetos megalomaníacos.
Não participarei de conferências que estabelecem prazos fixos
 
para reverter a miséria do mundo. Não quero que me convidem
 
para eventos de um fim de semana com a proposta de abalar o milênio.

Já não tenho tempo para reuniões intermináveis para discutir
estatutos, normas, procedimentos e regimentos internos.
Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas,
 
que apesar da idade cronológica, são imaturos.

Não quero ver os ponteiros do relógio avançando em reuniões
 de 'confrontação', onde 'tiramos fatos a limpo'.
Detesto fazer acareação de desafetos que brigaram pelo
 
majestoso cargo de secretário geral do coral.
Lembrei-me agora de Mário de Andrade que afirmou: 'as pessoas
 
não debatem conteúdos, apenas os rótulos'.
Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a
 
essência, minha alma tem pressa...
Sem muitas jabuticabas na bacia, quero viver ao lado de gente
 
humana, muito humana; que sabe rir de seus tropeços, não se encanta
com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não
 
foge de sua mortalidade, defende a dignidade dos marginalizados,
 
e deseja tão somente andar ao lado do que é justo.

Caminhar perto de coisas e pessoas de verdade, desfrutar desse
amor absolutamente sem fraudes, nunca será perda de tempo.'

O essencial faz a vida valer a pena.

Rubem Alves